terça-feira, 27 de maio de 2008

Medicina Geral e Familiar e Hipermercados

Perguntarão, os meus caros leitores, qual a relação entre hipermercados e a Medicina Geral e Familiar… Este meu pequeno “brainstorming” (tempestade cerebral) nasceu a partir do renovado debate sobre a abertura dos hipermercados ao Domingo e feriados. Eu compreendo o ponto de vista económico, mas tenho muitas dúvidas em relação a alguns dos argumentos invocados. Tenho muitas dúvidas que a abertura dos hipermercados ao Domingo dê um contributo significativo ao desenvolvimento económico do país e também não me parece que os portugueses sintam uma grande necessidade disso… Por exemplo, não observei qualquer agitação social aquando da última redução de horário.

Como médico de família, trabalho com os meus pacientes e com as suas (“minhas”) famílias…. Observo as suas vidas e acompanho-os ao longo do tempo: no preparar de uma nova vida, na gestação da mesma, no crescimento da família, na vida boa e má da família. Um facto indesmentível da realidade actual é a falta de tempo que as pessoas têm… Já não há tempo para estar uns com os outros. Não estando, também não se dialoga, não dialogando, também não se conhece… Já não há tempo para brincar com os filhos e os filhos também já não têm tempo para brincar uns com os outros. E depois, nascem os problemas: os “nervos”, as “dores de cabeça”, as insónias, as discussões, as tensões!

Independentemente dos aspectos religiosos, o descanso semanal vem de há longa data, de há muito tempo, mesmo antes de se ter descoberto o “stress”. Não me parece de todo exagero compará-lo ao descanso nocturno… O ser humano precisa dele. Queixamo-nos dos antidepressivos e dos calmantes que tantos tomam… Não é construindo hospitais de psiquiatria que se promove a saúde mental. A promoção da saúde mental e da saúde da família pode passar por decisões legislativas que efectivamente contribuam para isso. Promover um dia de descanso semanal que proporcione à família a oportunidade de estar e se encontrar pode ser uma excelente medida de promoção da saúde mental e com considerável benefício a baixo custo.

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5 comentários:

  1. Antes de opinar, permitam-me um desabafo. Hipermercados: consumo desenfreado(consumidor)?; lucro desmedido (grupos económicos)? Porquê?
    Esta questão tão pertinente quanto actual deriva fundamentalmente de uma discussão bastante antiga que é, saber se devemos ou não previligiar as relações familiares, de convivio sã e descanso de pelo menos um dia por semana (domingo), em detrimento dos objectivos meramente economicistas, dos grandes grupos economicos. É curioso constactar que todos os estudos apresentados, como sendo a população a querer a abertura aos domingos dos hipermercados, é feita pela APED,(Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) que não são mais, nem menos,que os dignissimos representantes dos grupos económicos das grandes superficies existentes, que se resumem de grosso modo à: SONAE (Modelo Continente; AUCHAN (JUMBO)e Jeronimo Martins (Feira Nova). Ora não há aquilo a que se poderia chamar o contraditório, i.é., um estudo comparativo fiavel realizado por uma entidade distante dos grupos atrás citados, que nos mostrasse a utilidade da tão proclamada abertura dos hipermercados ao domingo. É insensato fazer querer aos Portugueses que a abertura das grandes surperficies aos domingos à tarde, vem resolver parte dos males que assolam o nosso País e mais insensato ainda é, apresentar a recolha de assinaturas (cerca de 50.000), como prova da bondade dessa abertura, quanto todos sabem (os envolvildos evidentemente), a forma como se procedeu a recolha das mesmas, com banquinhas nos hiper e super desses mesmos grupos, sem tão pouco esclarecer convenientemente, a quem foi "pedida" a sua assinatura. Nem tão pouco se pode apresentar os "milhares" de postos de trabalho que pretensamente se vão criar, sem se saber com rigor quais os critérios estudados, que levam a afirmar os beneficios de tal medida. Resta ainda perguntar se alguém, no meio disto tudo, se lembrou dos que trabalham nestas superficies e o que pensam sobre, lhes "roubarem" um tarde (não esqueçam que já não têm a manhã) de Domingo ou uma tarde de Feriado. E não me venham com cantigas, porque quem compra durante à semana, inclusivé ao sabado, não vai obviamente ao domingo á tarde ou aos feriados de tarde comprar. E se o fizer a estes dias naturalmente não comprará á semana, pelo que os valores de milhares de euros que a economia "lucrava", segundo o estudo apresentado, é um estudo de duvidosa credibilidade.É obvio que todos temos a ganhar se as grandes ou médias ou pequenes superficies, encerrarem aos domingos e feriados.
    Todos os que trabalham, a saúde, o estado, a familia, a qualidade de vida, todos ganhamos.
    Mas... há sempre alguma que perca: Os grupos economicos.

    Um grande abraço. Joaquim Sá

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  2. Concordo plenamente com o que disse. Pode parecer um exagero dizer que a abertura dos hipermercados ao domigo constituirá um impedimento à harmonia familiar. Mas se atendermos ao facto de que, muitas vezes, é nos domingos que as mães e os pais que trabalham nos hipermercados têm um pouquinho mais de tempo para estar com os deus filhos cônjuges (sim, porque à semana estão na escola ou no trabalho), então percebe-se o quão importante é para esses o domingo. E se for possível ajudar ao equilíbrio familiar desses poucos (ou muitos), então sim, vale a pena manifestarmo-nos.

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  3. Realmente, aqui está um assunto importante e muito actual, agora que os grandes grupos económicos de destribuição, voltam á carga, para a abertura das grandes superficies ao domingo. Sim que ninguem se engane e pense que o interesse é de grande parte do consumidor, afinal o que são cerca de 50000 assinaturas, comparadas com milhares e milhars que compram nesses espaços, no horário agora existente.
    Penso que o que realmente se está a passar é que as grandes superficies comerciais estão a nascer no nosso País como cogomelos, dando a entender que estamos a viver um auge económico, mas tal não acontece, e o que se verifica é que temos o desemprego que temos com industrias a fechar quase todos os dias, o poder de compra dos Portugueses a diminuir de dia para dia com o aumento dos produtos, em especial os de 1ª necessidade.
    Eu sou contra a bertura das grandes, médias e pequenas surpeficies, não só ao domingo de tarde, como pretendem, mas também ao domingo de manhã, mesmo pondo em causa a abertura de novos postos de trabalho.
    Pergunto eu: meus senhores e o pequeno comercio, os pequenos retalhistas aqueles que não têm poder de reivindicar, e que ainda por cima também têm empregados, que com o aparecimento dos hipermercados, são obrigados a fechar portas.
    Esta medida a ser implementada, passa a ser mais uma daquelas medidas que vem contra a familia, dando a oportunidade aos grupos atrás, citados pelo Joaquim Sá, de encherem os seu bolsos e poderem justificar o aumento da abertura de superficies comercias por este nosso Pais.

    Parabéns pelo despertar do debate para este assunto que, quanto a mim, é muito importante.

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  4. Realmente, aqui está um assunto importante e muito actual, agora que os grandes grupos económicos de distribuição voltam à carga, para a abertura das grandes superfícies ao domingo. Sim que ninguém se engane e pense que o interesse é de grande parte do consumidor, afinal o que são cerca de 50000 assinaturas, comparadas com milhares e milhares que compram nesses espaços, no horário agora existente.
    Penso que o que realmente se está a passar é que as grandes superfícies comerciais estão a nascer no nosso País como cogumelos, dando a entender que estamos a viver um auge económico, mas tal não acontece, e o que se verifica é que temos o desemprego que temos com indústrias a fechar quase todos os dias, o poder de compra dos Portugueses a diminuir de dia para dia com o aumento dos produtos, em especial os de 1ª necessidade.
    Eu sou contra a abertura das grandes, médias e pequenas superfícies, não só ao domingo de tarde, como pretendem, mas também ao domingo de manhã, mesmo pondo em causa a abertura de novos postos de trabalho.
    Pergunto eu: meus senhores e o pequeno comércio, os pequenos retalhistas aqueles que não têm poder de reivindicar, e que ainda por cima também têm empregados, que com o aparecimento dos hipermercados, são obrigados a fechar portas?!
    Esta medida a ser implementada, passa a ser mais uma daquelas medidas que vem contra a família, dando a oportunidade aos grupos atrás citados pelo Joaquim Sá, de encherem os seu bolsos e poderem justificar o aumento da abertura de superfícies comercias por este nosso país.
    Parabéns pelo despertar do debate para este assunto que, quanto a mim, é muito importante.

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  5. Concordo a 100%, e comparo a nossa situação com a de países como a França, em que o Domingo é sagrado: nem ao domingo de manhã há supers e hipers abertos.
    Outra grande diferença: ninguém vai fazer compras às 23h30, simplesmente porque está tudo fechado, como cá devia estar...
    Rita Lopes

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