domingo, 1 de novembro de 2009

Uma forma diferente de comunicar sobre a gripe A - precisa-se!

Cada vez com mais frequência, pergunto-me se a questão da gripe A poderia ou deveria ter sido abordada de maneira diferente, nomeadamente pela comunicação social.

Paremos para reflectir na abordagem dos últimos meses...

Desde que surgiu a notícia do aparecimento do novo vírus, em Abril de 2009, temos vivido ciclos sucessivos de informação sobre esta gripe.

Eis alguns dos picos deste frenesim informativo:

- O novo vírus tem ou não potencial pandémico?... E andámos, dias a fio, a acompanhar as reuniões do grupo de trabalho da OMS. Este pico só acalmou com a declaração definitiva: estamos a viver uma pandemia!

- O frenesim informativo passou então para a detecção do primeiro caso de gripe A em Portugal. Será este, não será... Resultados provisórios... Há que aguardar... Finalmente: temos o 1º caso. E, de novo, as coisas acalmaram um pouco...

- E como estão a evoluir os casos de pessoas infectadas? Nesta fase, era comum ouvir "em Portugal, existem actualmente "n" casos confirmados de gripe A". Excepto nos primeiros dez dias, esta afirmação nunca foi verdadeira, pois a grande maioria desses casos já estavam curados, ou seja, resolvidos! Já não eram casos, nem constituíam qualquer risco para os outros. A afirmação correcta seria: "em Portugal, registaram-se até ao presente "n" casos confirmados de gripe A".

- Há uma pessoa internada em estado grave!... Pergunta seguinte: quando vamos ter a primeira morte por gripe A em Portugal? Mais uma vez, o frenesim só acalmou com o falecimento da primeira pessoa.

- A bolha seguinte: vacina! Vamos ter a vacina ou não? Afinal, sim... Logo a seguir: a vacina é ou não segura? Os profissionais de saúde vão ou não tomá-la?... Rejeitada nos EUA, mas aceite na Europa?! Ruído, muito ruído...

- Na última semana: a primeira criança portuguesa a morrer por gripe A! Notícias, notícias, NOTÍCIAS! A evolução, a revolta, a angústia, a invasão da escola, a família... A causa, a autópsia, vamos aguardar, vamos saber!

E agora, como vai ser?... Como vamos continuar? Será tempo de parar para reflectir? É que estamos apenas no princípio desta história...

Vamos continuar a monitorizar caso a caso, a comunicar avidamente cada fatalidade?

A ouvir pessoas na fase aguda do luto, como quem ouve um jogador ou treinador à saída do campo, no final de um espectáculo desportivo?

Não seremos capazes de compreender o dano que estamos a causar, ao comunicar desta forma? Para quem está no terreno, na linha da frente, os médicos de família e os colegas que trabalham nos serviços de urgência, é muito fácil apercebermo-nos como estes excessos informativos afectam as pessoas e o que elas sofrem com isso. Ansiedade, medos, perturbações de sono, sensações de insegurança têm motivado o recurso "desnecessário" aos serviços.

Vários estudos têm demonstrado que os portugueses têm uma certa propensão para a toma de medicamentos que tratam a ansiedade e as depressões. Não estaremos a contribuir para isso?

É possível comunicar sobre a gripe de uma outra forma. Sem alarmismos, sem ansiedades, sem medos... É possível comunicar promovendo o conhecimento e aumentando a capacidade de controlo que as pessoas têm sobre a sua própria saúde.

Afinal, todos os anos morrem milhares de pessoas devido ao vírus da gripe e algumas (poucas) eram saudáveis antes disso. Só que esta realidade não costuma ser notícia. Os dados do Inverno do Hemisfério Sul indicam que este vírus não provocou uma mortalidade tão elevada como os vírus da gripe sazonal dos últimos anos. Na maioria das situações, esta gripe cura-se em casa e com repouso. Se existirem sinais de dificuldade respiratória deve-se recorrer de imediato aos Serviços de Urgência. Se, depois de algumas melhoras, o quadro se voltar agravar com o ressurgimento de febre, o recurso ao médico está indicado, pois isso poderá ser um sinal de complicação.

É possível comunicar sobre a gripe de uma outra forma.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente! A desinformação a que assisto todos os dias é enorme e os doentes ficam supreendidos e muito mais descansados depois da minha explicação sobre o assunto... mas é pena que toda a gente tenha que vir ao médico para ser devidamente informada!

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  2. Gostei deste ponto de situação e da abordagem sobre um tema que actualmente tem deixado muita gente preocupada.
    Relmente é preciso ser cauteloso, preventivo mas ao mesmo não entrar em pãnico com noticias, muita das vezes infundadas, que vêm a publico.

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  3. Uma pergunta: Poderei vacinar o meu filho de 15 meses sem "medos", se tem ou tivesse filhos com esta idade vacinava-os nao tendo eles qualquer patologia associada?

    Obrigado, esta duvida esta-me a levar á loucura!

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  4. hi everybody


    Just saying hello while I read through the posts


    hopefully this is just what im looking for looks like i have a lot to read.

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